terça-feira, 12 de maio de 2009

Dúvido, logo desisto

Essa semana definitivamente irá servir como premissa de uma decisão bastante controversa. Explico. O imbróglio todo, gira ao redor de dois problemas fundamentais, o primeiro, mais geral e menos original, está na confecção do meu trabalho de conclusão de curso. Cada vez que abro o Word para escrever alguma palavra é constrangedor. O segundo pilar que fundamenta minha incerteza e tristeza aguda, sem dúvida alguma, é a saudade da minha família. Piegas? Imagina só...

Preciso continuar a jornada em dois possíveis caminhos: voltar para casa e terminar o curso no próximo ano, ou, escolher um polivitamínico danado de forte (ouvindo sugestões). Isso tudo porque filosofia não é para os fracos, ao menos os de espírito. Lamentações a parte, vamos ao post de hoje.

Como no início do texto, o que acomete meu sofrido intelecto por esses dias, sem ser a derrota do Corinthians, são perguntas que apesar de muito parecer importantes, são esquecidas ou acabam passando desapercebidas pela maioria das pessoas. Poderia elencá-las em ordem de importância ou cronológica. Como estou um pouco sonolento, vou buscando na memória e escrevendo na ordem “Hipnológica”. La vamos nós.

I – Acompanhando o debate entre os ministros do Supremo Tribunal de Justiça, amplamente exibido, repetido e comentado pela televisão, jornais, revistas e até folhetim dos hinos da missa de domingo (ufa!), pude reparar em uma das acusações do ministro Joaquim Barbosa contra o outro “excelente” colega, ministro Gilmar Mendes. Altamente inflamado, vociferou Joaquim:

- Vossa excelência quando se dirige a mim não está falando com os seus capangas do Mato Grosso, ministro Gilmar. Respeite.

Aí, a conversa descamba para aquela briga de magistrado, com “me respeite” daqui, “respeite-me o senhor” de outro, “vossa excelência não tem moral alguma” seguida de “vossa excelência não tem condição alguma de falar sobre mim”, etc. Antes fossem disputar o desagrado em uma “partida de damas”, como o parecem de fato. Mas não devemos nos esquecer da frase de Joca (permitida a intimidade). O que quis dizer o ministro, amigo(a) leitor? Quando não temos fatos ou informações, apelamos para a imaginação política, tão presente em nosso povoado imaginário de castelos, pensões para gado, passagens aéreas para sogra, enfim, o (i)mundo político entremeado de possibilidades. Como diria a Coca-Cola, impossible is nothing.

Para mim, algo ficou no ar, e ninguém quis ir atrás. Nem jornalista, nem cronista e nem urologista. Ninguém pôs o dedo na ferida. Fica aqui o meu desagrado. Como se alguém se importasse, mesmo.

II – A segunda questão é cercada de pirotecnia, mas tão infundada e oportunista quanto a crítica sobre o título mundial do Alvinegro. O vírus Influenza A (H1N1). Incrível como a enxurrada de alertas globais, previsões catastróficas e contágios mortais tem tomado boa parte do nosso tempo. Um dia desses, enquanto tomava uma tônica no bar, começou a chover. Assim de repente, como quando íamos para a educação física felizes e voltávamos irados pelo cancelamento por conta da quadra molhada. Um senhor olhou para mim, e negando com a cabeça, exclamou desacreditado: - O aquecimento global está deixando o tempo maluco. As pessoas também, pensei. De dar inveja a George Romero.

Lendo o texto de João Pereira Coutinho na Folha de SP (5/05/09) tomei um susto ao atentar para as pandemias, que teoricamente, nos matariam. A lista conta com: A doença da Vaca Louca (encefalopatia espongiforme bovina) entre 1990 e 2000; a paralisação do mundo por conta da virada do milênio, com um planeta já permeado de tecnologia por todos os lados, conjecturou-se aviões caindo, bolsa de valores inoperáveis ou desordenadas, computadores explodindo, sem saber o que fazer com a troca do /99 por /00; depois vem a gripe aviária, ou gripe do frango, como quiserem. Ela também teve gigantesca “influenza” na economia mundial e nos ânimos de minha mãe. Pavor era palavra de ordem, e por um bom tempo não tivemos “franguinho na panela“. Quando o papagaio de casa espirrou, todo mundo parou de comer na mesa e saiu de fininho para a sala. Dormiu junto com os cachorros.

Em menos de 20 anos, tememos a morte globalizada por quatro vezes. É muito. Qual a próxima morte que iremos previnir, à-toa?

III – Agora que convenci minha avó que o curso que faço serve para alguma coisa, e depois de ler uma centena de artigos sobre educação e a sua relação/justificativa com a filosofia no ensino médio, a coisa toda acaba. Bravo! Acabam de aprovar a obrigatoriedade das disciplinas de filosofia e sociologia nas escolas, e logo vem um novo plano para melhorar a educação no país.

Deviam começar planejando melhor as ações do ministério da educação e governo federal. O novo formato, abrange quatro áreas temáticas: matemática, línguas, exatas e biológicas, e por fim, radicalmente justificado e bem determinado, humanas. Lindo, não? Serei professor de humanas. O próximo passo, será adotar uma disciplina ainda mais rigorosa e criterizada, chamar-se-á, vida. Hoje teremos aula do que Aninha? Hoje vamos estudar a vida, Joca! A prova será digna de suicídio. Qual a formação de um professor da matéria vida? Padre. Difícil entender... como a maldita música do padre no comercial, “humano demais para compreender, humano demais para entender...” Espero ansioso pelas novas decisões do Mec. Você não?

Enquanto escrevia, ouvia:
Louis Armstrong Feat. Sy Oliver's Orchestra - La Vie En Rose


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cab calloway - minnie the moocher


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The Little Willies - Love Me


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Rupa and The April Fishes - Une americaine a Paris


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Louis Prima - Just a Gigolo


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Aretha Franklin - Respect


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2 comentários:

Allan Ribeiro disse...

Douglas,

Que blog gostoso de ler!
Escolhi comentar nesta postagem totalmente a esmo. Poderia ter comentado em qualquer outra das que li com gosto.

Parabéns!

Douglas Batalha disse...

Obrigado Allan, fico muito feliz que tenha gostado dos textos. Nunca escrevemos em um blog, com a intenção de não ser lido, mas quando isso acontece, isto é, quando publicamos o texto e ele é elogiado, a felicidade dobra. Abraço, Douglas.