sexta-feira, 22 de maio de 2009

O Fenômeno Brasileiro

Havia dito, no final do outro post, que algo por esses dias tinha me deixado um tanto quanto doído. Pode, e até que pode mesmo, ser por conta dessa má fase que venho passando. Por outro lado, depende também, essa minha dor, de algo justificável. Talvez, se eu conseguir explicar razoavelmente o motivo, vocês também se sintam estranhos, ou envergonhados. Lá vai. A razão desse preâmbulo explicativo cheio de tristeza e suspense, está na sabatina do Ronaldo na Folha de SP. Não se espantem, não foi outro escândalo de grosso calibre. Antes, uma constatação, que vai direto no orgulho de ser tupiniquim, jogar futebol arte, tomar caldo de cana a cada esquina ou ter como presidente “o cara”.

Em uma das perguntas da sabatina, Ronaldo defendeu uma educação européia ao seu filho, mais especificamente, na Espanha. Atribuiu ao seu descendente, caráter amável e temperamento calmo. Ora, nada mais natural que um pai coruja elogiar seu filho, o ponto está nas próximas falas. Apesar de um bom filho, devidamente “europerizado”, Ronald (sem o “o” mesmo), quando vem ao Brasil passar férias, aprende um bocado de palavrões; ainda, para desespero de seu pai, convive com a malandragem dos amiguinhos brasileiros, elevada ao cubo se comparada com a dos pequenos hispânicos. Preciso continuar?

Se tivesse dito “A educação na Espanha é superior”, talvez eu ficasse um pouco chateado, contrariado, irritado. Mas não ficou barato, ou mesmo demagógico, a resposta do camisa 9. Somos uma nação de malandros (ainda no bom sentido, ainda...)? De alunos, professores, bancários, flanelinhas, engenheiros, donas-de-casa, etc sem nenhum caráter, como o filho da velha índia, parido no fundo do mato-virgem? De tão cruelmente honesta, que foi a resposta, fiquei sem saber como contra-argumentar.

Como bem salientou Clóvis Rossi, no dia posterior a sabatina, ninguém é capaz de tornar ilegítima a análise de Ronaldo, sobre o nosso “caráter nacional”. Ele é filho da pobreza (não estou insinuando nada, nem fazendo propaganda de margarina), conviveu com as crianças libertinas, que agora teme. O que viveu de Brasil parece bastar. Não é um dinamarquês, suíço ou mesmo neto de algum deles, para falar do que não conhece. O carismático dentuço conhece o Brasil, melhor que muitos, e resolveu desistir dele, ao contrário do comercial e da música do Raul. Justificado “esse aperto aqui dentro do meu peito, desses que o sujeito não pode agüentar”? Mas agora, passo a bola para vocês, querido leitor(a). Sem dúvida, mais um post, desesperadamente, rápido.

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